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Prefácio, para o Livro II " Elos da Poesia "

Elos da Poesia, é um livro, uma obra literária compendiada de textos emanados do grupo com o mesmo nome “Elos da Poesia”. Temos em mão o segundo tomo, ou seja "Elos da Poesia, Livro II"

A ideia-mestra dos promotores deste conceito Grupo/Obra, foi a de, avir quatro mãos-cheias de escritores de narração poética, conjugar-lhes as particularidades sintaxiológicas e as sensibilidades sociolectas - ide est - imprimir uma confraria peregrina ou sedentária, instalada na diversidade de horizontes linguísticos, - pela via cooperativista - o que lhe confere um sabor peculiar. Entre a matemática de Condorcet e a ciência militar de Spinosa, - agrupar para melhor lutar, somar para mais contar - Vinte poetas no miolo de duas ourelas, reúnem fragmentos dos seus devaneios poéticos, trechos das suas obras individuais, para os exporem neste fogaréu literário.

É mister sublinhar a importância do espirito objectivo desta sintetização de letras, construídas por mãos de calos, ou oriundas de mentes perfeitamente intelectualizadas, o agrupamento não é heterogéneo – mas análogo - pois a finalidade supera a individualidade numa adição com confluentes que a faz desaguar para a homogeneidade.

É pois o objectivo desta obra, reunir em sinédrio e sincronizar, vinte axiomas literários, outros tantos manifestos poéticos, construídos por personalidades com textuais variegados.

Não é nosso objectivo analisar os apêndices, - produção do autor - que, na união perfazem um todo, - como ninguém teria a ideia de dissociar as raízes, a ramagem e o tronco da árvore, na dissecação da sua constituição primitiva, - são estes elementos que juntos, constituem uma entidade lógica. Aos eruditos, aos doutores de literatura e aos críticos, deixamos esse bel-prazer.

Falamos de horizontes linguísticos, devemos falar também de horizontes geográficos, a origem destes autores, é tão cosmopolita quanto a linguagem é epílogo. Nada destoa na freiria dos Elos da Poesia, apenas os códigos são multiplicados por vinte e reunidos no sobrecéu da Lusófonia. Une-os, um amor comum à língua que grandes poetas e prosadores levaram para além do finítimo que conhecemos, falamos do português de todos os tempos e espaços.

Somos um grupo de entidades ecuménicas, que de composição em soma, preenche as laudas que constituem a obra que temos o prazer de levar as todas as mãos ávidas, que associem os olhos e a curiosidade do espirito para a sua leitura, não temos outra pretensão que de calcorrear, na procura, - não da perfeição – do avio, modesto que seja, no sentido de amansar a nossa sofreguidão. Como um rio que volta para a nascente depois de cursar todas as trajectórias possíveis e imaginárias sem achar um mar poente, assim nós voltamos todos os anos para a realização desta obra. Hoje somos vinte, ontem éramos, duas vezes dez, amanhã seremos “Cardinal de Colecções” conjunto de vinte elementos, ou uma quadra de rosáceas de estatuto lógico. Dar no vinte “ acertar, adivinhar, ganhar” esperemos que esta máxima seja a nossa bandeira.

Os bibliófilos - ou o mais honrado e isolado leitor – salientarão talvez, a diferenciação do índice nomeador desta edição em relação à anterior – 2005 - esta assimetria nada tem de intencional, ela é o resultado de migrações literárias, de percalços cívicos, ou até de considerandos pessoais, que em nada prejudicam, - nem o grupo que se forma e reforma ao sabor das afinidades consentâneas, nem aqueles de quem sentimos a falta. “A história intrínseca dum grémio, examina todos os seus componentes, desde a sua constituição até à sua aleatória dissolução, este facto produz jurisprudência cronológica, a que podemos chamar, correcção compulsória, ou explicação das causas e circunstâncias que determinaram uma mudança, como explicam certos livros de direito”.

A Saga dos Elos da Poesia, conta com um núcleo impoluto, que respeita e admira os seus colegas de hoje e de ontem. É esta filosofia que quisemos e continuamos a querer imprimir para o bem desta obra. Saudamos os colegas que participaram no primeiro tomo desta obra, agradecemos e enaltecemos os que hoje não constam neste índice. Dizemos aleluia aos que se nos juntaram, oferecemos um, bem haja - particular - aos que continuam connosco a trilhar o caminho que esboçamos. A todos(as) o nosso agradecimento.

Fernando Oliveira

A NOITE URBANA, no Livro II

Brilham no vento as luzes vigilantes
dos candeeiros públicos,
fogueiras
para as noites húmidas,
agitam-se as cortinas
de janela que tosse,
enquanto dois vultos
se esquivam enlaçados
aos últimos olhares,
entre as varandas dos prédios
há quem procure
num quarto nu a intimidade.

João Tomaz Parreira
Aveiro-Portugal - 2005, no Livro II

Água nos dá VIDA, no Livro II

Água doce em bocas
Água salgada nas batatas
Água-pé nas castanhas.

Água perfumada para agradar
Água cristalina a espelhar
Água limpa a lavar para alindar.

Água gaseificada para as panças
Das fartanças
Aliviar.

Água mineral para descongestionar
Água sulfurosa para curar.

Água de beber
Para fazer viver.

Água nem sempre limpa porque os desleixos
Dos homens andam fora dos eixos.

Água de tanta forma!
Que a Natureza nos deu. Água nos dá vida!

Oh! Água que nos dás vida!

Disto muitos se esquecem
Te sujam
Te conspurcam.

Chegada a hora, ao morrerem secos, rachados pela sede, dementes
De muitas formas doentes
Vegetarão no pó. Sem forças, já nem irão poder
Pensar e por fim arrepender
Da tanta porcaria que produziram.

Carmindo Carvalho, Suiça - no Livro II

Novembro de 2005


III Volume a ser publicado ainda este ano!...

prefiro tanta coisa: No Livro II

prefiro celebrar o avermelhar duma maçã
ouvir a música fúnebre nas exéquias duma formiga
encher o balão arrebentado duma criança desapontada
do que comemorar o aniversário dum amigo

prefiro estorvar a assembleia dos autocratas
convidar uma meretriz para um jantar de gala
vestir a roupa do inocente de boca rota
do que cerimoniar com o rigidez da morte

prefiro encanar todo o salgado do mar
esfarrapar os meus joelhos nas mais picantes urzes
falar com o velho ermita quando me assalta a viuvez
do que pinchar no soalho abluído para o noivado

prefiro ainda corar quando me olha uma pândega
chorar com o amigo assaltado pela confusão
rir quando a desventura é a vontade do grémio
do que ser ovelha e obter novelo de lã como prémio

ferool: França, publicado no Livro II

Maré e Areias: no Livro II

o ganho da arquitectura
sonhada foi-se e
veio o recolher das águas
pela mão de versos soltos que galopam na linha do
horizonte

gastaram-se um dia as águas da sesta e os
versos do silêncio escutam-se agora nas
galáxias do deserto

setenta e sete ninhos de
anos-luz pesam na imaginação liberta
inconformada e
os oratórios os projectos e os
versos vão-se
na beleza de um átomo altivo

e um outro tempo toma forma
na fronte do eterno
enquanto se fica à espera de saber se tudo é pó ou poesia
jogo ou geometria

Feliciano Henriques Veiga: Portugal - Publicado no Livro II

A Chave (Alice Spindola) Brasil no Livro I

A Chave

No meio da noite, configura
a fragrância das palavras mágicas
Na chave da noite, a ternura,
pluma que verte enigmas

Nas mãos do tempo,
o arado que rasga os mistérios
do sentimento que define
O homem da meia noite,

em seu caminho de volta
que faz

ao adentrar a meia lua
das unhas dos enigmas.
A mão da noite destrava a chave
da fragrância das palavras mágicas

Alice Spindola

Manuela Pittet Embaixatriz dos Elos na Suíça, o Embaixador Carmindo Carvalho não deve andar longe!…

Manuela Pittet: Lê alguns dos seus poemas

INSÓLITO, de Ana Sanka, ( Canadà ) no Livro I

INSÓLITO

A luz que a chama me prende
No caminho rude que meus pés me levam
E que meus olhos alcançam distâncias
Mesmo no insólito, continuo resistindo
Às notícias chegadas de todo o canto da terra
Ao encontro implacável do homem com a natureza
O sopro frio do vento, enrijecendo o carácter
No perfil duro e fixo de cada ser
Milhares de lágrimas repartidas em cada pálpebra
É urgente e necessário que se combata o mal
É tempo de solidarizar e construir o bem
Ainda é tempo de inventar o Amor.

México - 1985

Elos na Suiça: Carmindo Carvalho, explana a sua ciência Eloística!…


Rorschach 25 de Outubro de 2005

No dia 22 sábado e 23 domingo, aconteceu no Centro Cultural Português de Martigny uma festa de apresentação das obras dos autores :

José Espanhol - Pintura, Clément Puippe
Fotografia, Edite Correia P - Tapetes de Arraiolos
e da obra poética “ELOS DA POESIA” Antologia internacional onde eu, Carmindo Pinto de Carvalho e Manuela Pittet temos o grato prazer de nos vermos incluídos.

Foi uma festa muito bonita, nas espaçosas, limpas e acolhedoras instalações do C.C.P.M.

O Sr. Cônsul do Consulado Português de GENÈVE, Dr. Júlio Vilela, cumpriu o prometido. Compareceu e durante muito tempo com todos os presentes conviveu e repartiu a sua contagiante simpatia.


Pelo facto, aqui queremos deixar publicamente o nosso agradecimento.

Obrigado também ao Sr. Teolindo, actual presidente e a todos os outros elementos que de uma forma ou de outra, com o seu esforço, contribuíram para que o dito evento tivesse o sucesso que acabou por ter.

Ao Sr. Adelino de Sá, director do jornal Gazeta Lusófona e a todas as outras pessoas que quiseram dizer : __SIM, AQUI ESTOU__. Apareceram, viram e compraram, o nosso obrigado.
Com um fraterno abraço.
Carmindo Pinto de Carvalho e Manuela Pittet.

Anacrónica (António Nolasco) Portugal no Livro I

Anacrónica

Cavalos desenfreados,
Sem rumo…..
O caminho das estrelas existe….
Nem o vêem !

O buraco negro que existe
Do Universo em turbilhão…..
E o abismo único que apetece
Neste tropel insano.

Crinas ao vento….
Sede do infinito….
Desencanto total.

Passa por mim
O esplendor indómito destes animais
Que fogem…. sabem lá de quê…..

Colho estrelas magoadas….. aos molhos…..
Lágrimas perdidas
Na intemporalidade de uma mágoa total.

António Nolasco, Lisboa 10:12:2000

Elos da Poesia "Livro II"


Recentemente editado em Lisboa

Vendedora De Sonhos (Augusta Franco) Portugal, no Livro I

Vendedora De Sonhos

Corre
nas ruas descalça
ao anoitecer da alma
labirinto de emoções.

No coração da terra
procura s raízes
do amor ausente.

Dança
com mil véus
no rodopio do vento…
a liberdade
de um momento.

Moura encantada
nos olhos
de um príncipe qualquer.

Olha
na luz das estrelas
as máscaras
da solidão.

Sorri
da madrugada
o tempo não é nada
a vida
é ilusão.

Singradura (Berredo de Menezes) Brasil, no Livro I

Singradura -Para a minha mãe -

Quando te trago flores, e a esperança
De um dia estarmos juntos, no Infinito,
Carrego no meu corpo, como um grito,
O teu olhar de amor, com segurança.

E velejo o silêncio da lembrança
Como que perde a rota e encontra o mito
Que eu tinha à tua sombra, em som e rito,
No acalanto dos sonhos de criança.

E fico ouvindo a luz do teu perfume,
Que estas flores exalam, como o lume
Que me dá forças para caminhar.

Levando, entre os destroços da tristeza,
O sol que emana da feliz certeza
De um dia a Eternidade nos juntar.

Cemitério de Santo António (02:11:1994

Elsa Noronha : no fecho da apresentação da obra

Euclides Cavaco, Maria Ivone Vairinho e Joaquim Sustelo


Euclides Cavaco, director da comunicação dos Elos da Poesia, oferece a obra à Dr. Maria Ivone Vairinho, Presidente da Associação Portuguesa de Poetas, testemunha “ Joaquim Sustelo”

Manuela Baptista: declama um dos seus poemas

Dr. João Tomaz Parreira lê o prefácio dedicado à obra e seus autores.


A plateia escuta com respeito e admiração, o exposto do apresentador Dr. João Tomaz Parreira, que nos presenteou com um texto de antologia (aqui inserido)

APRESENTAÇÃO DA ANTOLOGIA


Palácio Galveias, Lisboa 26 de Maio de 2005

Um apresentador tem uma função diplomática. Tenta estabelecer um diploma consensual entre duas partes com distintas conveniências. Tenta relacionar dois interlocutores, neste caso, o escritor e os leitores.

Pertence aquele género clássico que apresenta o enredo e que define mesmo a estrutura do destino nas tragédias gregas, quero dizer que, mais de acordo com Sófocles, é uma espécie individual do Coro grego.

O que é menos comum, mas sucede, é apresentar o livro ao próprio autor. Mas aconteceu já, com certeza, ao longo da história literária, designadamente editorial.

Dois ou três exemplos próximos, entre outros. Sem dúvida que os escritos ou "apresentações" de livros elaborados pela professora Maria Alzira Seixo ( Outros Erros - Ensaios de Literatura, Asa, 2001) e os textos do poeta António Ramos Rosa ( Incisões Oblíquas , Caminho, 1987 ) tiveram ao longo destas últimas três décadas muitas vezes essa funcionalidade, de mostrar o conteúdo do livro ao respectivo autor. É que este quase sempre tem outra ideia dos seus escritos. Vergílio Ferreira, o terceiro exemplo, admirou-se um dia por ter sido "insensivelmente investido na qualidade de uma espécie de delegado nacional ou regional do Existencialismo, eu que jamais me disse existencialista." ( in Espaço Invisível-II).

Dadas as características desta antologia, podemos afirmar, em bom rigor, que estamos a apresentar a obra a cada um dos seus autores individuais, que nela colaboraram, a cada um dos que é suposto só conhecerem bem os seus poemas, com os quais contribuiram para a presente edição, e que só lerão os poemas alheios após este lançamento festivo do livro em causa.

Mas este livro ( que inesperadamente tenho a honra de poder apresentar ) sendo como é uma colecção de poemas, acaba por ser aquele rio da antiguidade de Heraclito em cujas mesmas águas não se mergulha duas vezes.

Está patente nesta antologia uma interdiscursividade que ao respeitar a afirmação do poeta norte-americano segundo a qual "o tema do poema é a poesia", passa por aspectos muito variados que tocam o ritmo, a semântica e até as propostas fono-prosódicas deste caudal de rio poético.

A abundância dos versos em que os indicadores sugerem a saudade, exprimem o "fazer poético" que pode ver as cores do silêncio, induzem o leitor com elementos referenciais à água, aos olhos infantis, aos sonhos de menino, por exemplo, dá um conceito único a esta recolha que faz justiça aos elos que lhe dão nome.

Não sendo uma composição colectiva, tendo sido cada um dos poemas escrito em lugares geográficos diferentes, e quiçá distantes, o colectivo está presente na diversidade.

Sabe-se que os japoneses, no século VII, tiveram uma ideia para a utilização das vozes múltiplas que se interligam no poema com a criação da renga, que é um exercício de escrita colectiva, num só poema ou conjunto de poemas colectivo. Seguindo este modelo um grupo de quatro poetas quadrilingues, entre os quais o mais conhecido era Octávio Paz, fez um poema em conjunto, em Paris no ano de 1969. Cada um deles escreveu na sua própria língua o mesmo poema, assim este ecoou como se fosse um único som, uma única linguagem.

Nestes "Elos de Poesia", salvaguardadas as devidas proporções, sinto essa diversidade unívoca ao ler todo o conjunto, ainda por cima monolíngue.

Elos esses como veias onde corre o mesmo sangue lusitano, brasileiro, africano, por assim dizer a abundância da portugalidade em que os autores, diferentes na sua prosódia poética, afinal se interligam.

Na sua forma, todos os poemas podem parecer iguais, mas a torrente das suas águas líricas renova-se de verso para verso, de estrofe para estrofe, de poema para poema. Todos em plano de igualdade, como é timbre de uma antologia, porque as antologias não podem nem devem ser hierarquizadas. Todos os poetas são criadores, nesta presente antologia, e tiveram todos os seus momentos de dúvida criadora.

Com certeza alguns dos autores dos poemas desta mostra já tiveram ocasião de publicar livros autónomos ou quase todos, pelo menos, algumas plaquettes - perdoem-me o galicismo. Certamente perante o objecto de cultura que são os muitos poemas avulsos que já passaram ao papel, ter-se-ão deixado guiar inevitavelmente pela pergunta pessoal, posta na dúvida da criatividade - "Os meus versos são bons ? ".

Um grande poeta europeu, Rilke, sabia que tal pergunta está sempre na mente do poeta, mas que este, o que escreve versos, deve entrar em si próprio e procurar a necessidade que o faz escrever, à partida não se preocupando muito com o olhar para fora.

Mas permitam-me que leia o que o escritor alemão escreveu no conhecido volume "Cartas a um Poeta ": - " Pergunta-me se os seus versos são bons. Manda-os para as revistas. Compara-os a outros poemas e alarma-se quando certas redacções afastam os seus ensaios poéticos. De ora avante, peço-lhe que renuncie a tudo isso. O seu olhar está voltado para fora: eis o que não deve tornar a acontecer. Ninguém pode aconselhá-lo nem ajudá-lo - Ninguém. Há só um caminho: entre em si próprio e procure a necessidade que o faz escrever."

Com efeito, é preciso que esta necessidade tenha raízes fundas. E não existem razões mais fundas do que as do próprio ser, as que se encontram dentro dos próprios autores, das suas personae, aqui sem o sentido de máscara literária como ensinava Ezra Pound. Saul Bellow, outro escritor norte-americano, notável romancista nobelizado em 1976, recentemente falecido, chamou-lhe "transacções íntimas", quando - escreve o criador de "Herzog" - houve um tempo em que as pessoas tinham o hábito de se dirigir a si próprias. Não apenas na forma de um diário, mas sobretudo na forma do poema, quando este é sobretudo um registo da intimidade, do que brota das tais raízes.

A presente Antologia não foge a este desiderato, de apresentar publicamente o registo das transacções íntimas, de uma escrita que começou por ser para a gaveta do poeta - gaveta que é sempre do tamanho do universo. Daí que "Elos de Poesia" tenha saído para a luz deste fim de tarde, num sentido universal, porquanto cada um dos poemas que lemos partem do Eu poético e sofrem aquela crise de identidade que os transforma em poesia que corta transversalmente vários temas desde o social, empenhado, ao mais estético possível, do texto poético puro, isto é, do poema pelo poema.

Em qualquer caso, o que todos os poemas presentes neste livro denotam, é a vontade de uma escrita para compartilhar sentimentos- que vão desde a percepção do dia pautada pela chuva que cai de uma goteira, à necessidade de reiterar que é ainda tempo de inventar o amor - para que todos esses sentimentos não pairem apenas abstractamente, mas sejam interiorizados pela leitura dos mesmos. Que possam tornar-se colectivos, como bem escreve uma das participantes da presente obra: " Tudo o que amei foi colectivo, não sei ser eu, se não formos todos."

E, desde logo, essa necessidade de escrever, de se poder estar em todos os leitores de uma forma universal, o que todos estes poetas sentem sem excepção - falo por mim próprio porque sou também do mesmo ofício -, releva-se como um acto missionário. A atitude de poder partilhar o momentum da criação com o próximo, por isso uma antologia em que os próprios autores se organizam, até do ponto de vista financeiro, para dar à luz uma obra colectiva, é, sem dúvida, uma frutuosa colheita do que aquelas raízes são capazes. Esta antologia é uma imensa seara madura e um pomar, nas suas intertextualidades variadas, das quais poderemos colher hoje os frutos e os trigos. Ouçamos, então, o fruto crescer, quebrando o cristal do silêncio, sempre que se ouve poesia.

- João Tomaz Parreira

Fotomontage


Fotomontage realizada por um convidado (dia do lançamento)

Ala direita da sala: entrada


Outra ala da sala das colunas.

Uma das alas, da sala das colunas do Palàcio Galveias


Uma parte dos nossos convidados: amigos, confrades e confreiras, presentes no lançamento do Livro I

Capa e abertura do lançamento por: Manuela Rodrigues

Capa do Livro I (realizada pelo pintor português, João do Carmo, nos Elos - João Martim -
Na mesa da apresentação, da esquerda para a direita – Fernando Oliveira, João Tomaz Parreira, Manuela Rodrigues e Euclides Cavaco -